Economizar salário para garantir a independência financeira

Um dos conselhos mais comuns dados por especialistas em finanças pessoais é o de economizar 10% de sua renda mensal. O livro O Homem Mais Rico da Babilônia, que é bastante recomendado, também sugere essa estratégia. De acordo com essa abordagem, essa quantia seria suficiente para garantir estabilidade financeira e uma aposentadoria confortável no futuro. Mas será que 10% é uma meta adequada?

10% é um bom começo, mas não o suficiente

Poupar 10% do salário é um bom ponto de partida para quem está começando a organizar suas finanças. Certamente é melhor do que não poupar nada. No entanto, essa quantia pode não ser muito motivadora: o ideal é economizar o máximo possível - de preferência entre 20% e 30% da renda mensal. Parece impossível? Não exatamente. É desafiador, sim. Para muitas pessoas, atingir essa meta é difícil, mas quando analisamos seu estilo de vida, logo entendemos por que alcançá-la parece tão fora de alcance. Muitos gastam grande parte de seu salário em entretenimento, roupas supérfluas, jantares luxuosos e em tentar satisfazer os caprichos dos filhos, e quando percebem, sobra pouco para poupar.

Claro, há muitas pessoas cuja renda não permite economizar nem mesmo os 10% com dificuldade. Para esses casos, a única opção é buscar oportunidades de emprego melhores e salários mais altos. Não estou excluindo essas pessoas - não por discriminação de sua situação, mas porque o que estou discutindo não se aplica a elas. No entanto, há uma grande parcela de pessoas com salários altos, acima de R$ 6.000,00, que ainda lutam para economizar mais de seiscentos ou setecentos reais. E essa quantia pode não ser suficiente para garantir independência financeira, especialmente em um cenário de juros mais baixos.

Independência financeira

Os cálculos foram feitos com base na situação de alguém que ganha atualmente R$ 6.000,00 (liquido) e decide investir para alcançar sua independência financeira. As três tabelas refletem a economia de 10% (R$ 600), 20% (R$ 1.200) e 30% (R$ 1.800) de seu salário, com posterior investimento em uma variedade de aplicações que garantiriam um retorno real de 4% ao ano. Optei por ser conservador nos cálculos, pois acredito que esta abordagem reflete a preferência da maioria dos brasileiros (investimentos mais conservadores). Ainda assim, garantir um retorno de 4% ao ano com investimentos conservadores é uma tarefa desafiadora; para alcançá-lo, é necessário investir em algo além de títulos do tesouro nacional.

Bem, o que os resultados mostram é que economizar apenas 10% do salário garantiria uma renda (em valores atuais, porque considerei o retorno real) de R$ 1.767,00. Somado aos benefícios do INSS, que pagam, no máximo, aproximadamente R$ 4.000,00, o investidor teria uma aposentadoria de R$ 5.767,00. Muito próximo do salário obtido durante a atividade. Mas veja como a situação é precária: para receber esse valor, o investidor teria que contar com as seguintes variáveis:

  1. Rendimento de 4% acima da inflação por 35 anos consecutivos;
  2. Conseguir se aposentar pelo teto do INSS;
  3. Necessitar de apenas R$ 6.000,00 por mês (já em valores atualizados) para sobreviver.

Essas premissas são realistas? Não exatamente. Alcançar um rendimento muito acima da inflação, investindo apenas em aplicações conservadoras, é muito difícil. Conseguir se aposentar pelo teto do INSS também é uma tarefa árdua nos dias de hoje; imagine daqui a 35 anos, quando o governo provavelmente terá implementado reformas na previdência, aumentando o tempo de contribuição e a idade mínima de aposentadoria, alterando o fator previdenciário, entre outras mudanças necessárias para tornar o sistema mais sustentável. É improvável que alguém consiga se aposentar pelo teto, mesmo contribuindo com o máximo.

Outro aspecto a ser considerado é a provável necessidade de uma renda maior daqui a 35 anos. Enquanto os gastos com filhos provavelmente diminuirão, os custos com saúde pessoal provavelmente aumentarão significativamente. Com a idade, é necessário gastar mais com planos de saúde e medicamentos, o que pode consumir uma parte considerável da renda. E isso se tudo correr como planejado e os filhos forem responsáveis, porque muitas vezes os filhos adultos ainda dependem financeiramente dos pais. Quem mandou não educar direito?

Portanto... é hora de economizar o máximo possível. Nunca se sabe o que o futuro reserva, então é crucial se preparar e garantir a independência financeira.

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